Eu estou sozinha, mas não me sinto sozinha. Eu vivo bem assim. Eu levei muito tempo para entender que não é o estar sozinha que me angustia, é o não ser vista.
Eu tenho trilhado um caminho que me deixa à margem das relações, colocando o mínimo possível, estando somente presente e intencionalmente não participando dos processos que acontecem ao meu redor. Eu sempre fui assim? Acho que sim.
Mais recentemente eu fui chamada a trabalhar. E num curso eu ouvi a máxima “Você veio para se botar no mundo!”. Será? Se, por se botar no mundo, é entendido que eu tenho que fazer algo que me faz mal, essa já não sou mais eu. Estar presente, muitas vezes, é doloroso. Dispendioso energeticamente. Confuso.
Eu levei muito tempo para entender que estar sozinha me permite acessar minha própria energia e me manter com a mente tranquila. Assim eu posso sentir o que preciso sentir, entender o que vim entender e me permitir ser quem eu quero ser. Isso me leva a fazer o que eu quero fazer e não o que acham ser ideal para mim.
Não é que não devemos ouvir os outros, é importante ouvir ativamente, receber a informação. Porém é imprescindível passar tudo isso por seu próprio campo e não pensar, mas sentir, trazer à contemplação: “Será que isso faz sentido para mim?”.
Eu precisei de muito tempo para perceber que sim, eu devo me colocar no mundo, mas não, eu não vou sair abraçando qualquer um, dizendo quem eu sou e o que eu faço. Não foi para isso que eu vim. Eu vim primariamente para aprender a me amar e, a cada passo que eu dou nessa direção, mais e mais eu percebo que isso me leva a mais “solidão”.
Nós ouvimos muito sobre atração quando se fala em espiritualidade. Meu corpo ainda responde em sofrimento quando esse tópico vem, pois ele quer ser visto, sentido, ele se sente abandonado. Enquanto isso, meu Eu (minha Consciência Superior) traz a verdade de que nós somos o Todo e não precisamos de nada. Nós só precisamos ser a Verdade da Nossa Alma e, para mim, isso quer dizer estar só.
Minha Consciência sabe que eu sou parte do Todo, conectada a Tudo em todo momento, mas o meu corpo sente falta de algo e isso traz tormento e incontáveis sessões de choro, lamentação, lamúria. Mas é preciso sentir. É preciso se permitir sentir. Então eu deixo. Quantas horas passadas em total desespero, enquanto respirar se fazia árduo, porque o corpo precisa expulsar, processar o sentimento? Não há demérito em chorar. Chorar é a maneira natural que o meu corpo processa e transmuta os sentimentos. Mas é dolorido para o corpo e cansativo para a alma.
Eu queria entender mais sobre o que tudo isso quer dizer. Minha mente sempre me pergunta: “Por que sou eu quem tem que sofrer sozinha, sem amor?”. Mesmo não me sentindo sozinha e tendo mais amor do que eu jamais imaginei ter – porque eu aprendi a me amar e a me permitir só ser –, esse sentimento ainda ecoa constantemente dentro de mim.
Precisei de muito observar para notar que o que me consome é o não ser percebida. Mas isso não é algo novo, mesmo enquanto tentava “viver normalmente”, eu nunca me senti vista. Eu estava presente, mas não fazia parte. Eu não conseguia me conectar. Eu vivia à parte, tentando me segurar no pertencimento para trazer acalento para o meu coração. Nessas horas, se eu me afastava, nunca ninguém veio me procurar. Eu nunca fui vista por ninguém. Ninguém me conhece, embora eu só pareça reservada. Tudo o que eu mais quero é alguém para falar sobre sentimentos, pensamentos e passar um tempo perdido tentando colocar em palavras o que o coração quer dizer.
É difícil para o ego aceitar que não é trabalho dos outros nos fazer sentir vistos. Cada um está mais perdido que o outro nessa existência e, se alguém não tem tempo nem para ouvir seu próprio interior, como ele vai ter tempo, capacidade ou discernimento para olhar para o outro com amor e respeito? Para empatizar com o que o outro vive e sente?
Por isso… Não só por isso, mas principalmente por isso, eu tomo para mim a seguinte verdade: “Primeiro eu vou aprender a me amar”. Eu me permito ser, sentir, fazer o que minha consciência deseja (por estar vindo de energia mais elevada, creio que não preciso explicar, mas não inclui invadir o livre-arbítrio de ninguém). Eu aprendi que somente alguém que se ama é capaz de entender que não existe Eu, mas Nós. Não há separação, mas unicidade.
Eu ainda não estou lá, mas quanto mais eu me permito me amar, mas eu permito que as pessoas sejam como elas são, e não como eu acho que elas deveriam ser. Eu não tento projetar meus desejos nos outros, eu nem conheço os meus! Eu só espero que, com o tempo, com o amor e com a conexão com Deus (Mãe, Pai, Espírito…), esse sentimento de que eu preciso ser vista diminua e que eu perceba mais e mais que o importante é ser SENTIDA. E, quando eu me elevo, todos ao meu redor se elevam comigo.
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- Eu estou tentando colocar no papel o que senti hoje, que é diferente do que sinto normalmente. Há algo diferente no ar. Mas isso me faz lembrar que, toda vez que eu disse isso, eu esperei que algo novo acontecesse. E isso nunca aconteceu.
- Conexão não significa alegria nesse momento para mim. Esses últimos dias têm sido um tormento e muita coisa tem vindo à tona.
- Todos nós podemos passar por esse processo de aprendizado, basta sentar e sentir. Permita que seu ego diga o que ele quer dizer e ouça com o coração, se permitindo falar as coisas mais horrendas que precisam ser ditas. E depois vá fundo e tente entender de onde o sentimento veio, onde a criança sofreu, o que o adolescente queria… Basta esse processo para trabalhar a conexão e, ao se permitir isso, você aumenta aos poucos seu amor por si mesmo e se entende.
- A espiritualidade nos diz que nós somos perfeitos. Nós somos quem precisamos ser, nós somos quem somos. E em uma sociedade que todos estão curados, completos de si mesmos, as “pequenas falhas dos outros” são só eles aprendendo algo novo.
É isso por hoje. Até mais.
30 de novembro – 16h20